As ‘baldosas’ e a memória dos desaparecidos argentinos
Ao percorrer as ruas de Buenos Aires, não é difícil
encontrar uma delas. São as chamadas ‘baldosas’, placas instaladas nas calçadas
com informações de pessoas desaparecidas durante a ditadura civil militar
argentina (1976-1983). Afinal, são cerca de 30 mil o número estimado de desaparecidos
e desaparecidas neste triste período da história recente do país hermano.
Talvez o movimento mais conhecido em defesa da memória
destes desaparecidos no Brasil seja a ‘Asociación
Madres de Plaza de Mayo’, criada por mães que perderam seus entes queridos,
e que neste ano comemora 40 anos de luta incansável em defesa do direito de
saber onde estão estas pessoas e pela punição dos responsáveis (Leia abaixo).
Outro movimento, menos conhecido, mas que realiza um
trabalho tão importante quanto é o Barrios
X Memoria Y Justicia. Segundo representantes, o movimento foi criado em
princípios de 2006 e é constituído desde a origem por pessoas que participavam
das assembleias dos bairros da cidade, além de vizinhos destes locais. A
primeira intervenção urbana foi realizada na noite de 23 para 24 de março
daquele ano, na véspera dos 30 anos do golpe de 1976.
O coletivo é integrado por
distintos bairros de Buenos Aires que recordam os companheiros detidos e
desaparecidos ou assassinados, antes ou durante a
última ditadura civil militar argentina. A iniciativa de afixar as ‘baldosas’ logo se repetiu nas diversas províncias
da Argentina.
Ainda segundo representantes do coletivo, o objetivo a
ação é colocar uma marca que recorde os desaparecidos e desaparecidas nos
lugares onde viveram, estudaram, foram sequestrados ou militaram. As ‘baldosas’ trazem as informações da
pessoa homenageada e servem também para interpelar as pessoas que passam pelos
locais e serem uma marca para as novas gerações.
Uma das últimas placas instaladas foi dedicada a Liliana
Beatriz Braguinsky, ‘militante popular
detenida desaparecida por el terrorismo de Estado’, como lemos no anúncio
publicado no jornal Página 12 de 17 de novembro de 2017.
A baldosa foi instalada no dia 18 de novembro passado na Calle Boedo, 145, no bairro Almagro,
onde residia a homenageada. Liliana pertencia à Union de Estudiantes Secundarios (UES), agrupação do peronismo
montonero. Ela foi assassinada em 20 de novembro de 1976.
O coletivo mantém uma página no Facebook: Baldosas por la memoria.
Asociación
Madres de Plaza de Mayo
Um ano após a instalação da ditadura militar argentina,
em 1977, teve início a história desta associação que reúne mães e parentes de
desaparecidos. Portanto são 40 anos de luta sem tréguas pelo direito à
informação de onde estão seus entes queridos presos e desaparecidos. Além
disso, a associação defende a identificação e punição aos responsáveis pelos
desaparecimentos.
Passados todos estes anos, estas mães preservam uma
atividade realizada desde os tempos da ditadura. Todas as quintas-feiras às
tarde elas se concentram na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, a sede do
governo argentino. Com seus tradicionais e característicos lenços brancos na
cabeça, elas realizam atividades para que esta triste história não caia no
esquecimento.
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